sábado, 4 de agosto de 2012

O Monge e o Executivo - Parte II


“Aceite aquilo que está sentindo e procure atingir o que prefere sentir”

John M. Ortiz 

Lago Michigan - cenário do monastério do livro

 Em O Monge e o Executivo, liderança é sinônimo de serviço. Essa ideia causa um sentimento de repulsa à uma grande maioria das pessoas. Servir, amar, perdoar, isso tudo é tido como sentimento e outra coisa interessante trazida neste livro foi a luz sobre o fato de que nada disto é sentimento, mas sim comportamento.
É confortável saber que não precisamos gostar de nossos inimigos como a princípio parece nos sugerir o ensino de nosso Senhor Jesus Cristo. Importa como nos comportamos em relação ao próximo (inimigos ou não); Essa é uma lição que vivenciei na prática antes de apreender a teoria que a bem da verdade só conheci por meio deste livro.
Ainda no primeiro capítulo, o irmão Simeão sugere um exercício que consistia em descrever as qualidades de quem exerceu autoridade sobre os demais personagens, ou seja, alguém que influenciou suas vidas. Aplicando a mim, curiosamente eu não saberia citar apenas uma pessoa, mas um conjunto delas que possuíam a característica comum de serem professores.
As características fundamentais destes educadores que influenciaram minha vida, partindo do ensino fundamental, equivalem mais ou menos as seguintes:
Atenção
Compromisso
Empatia
Paciência
Responsabilidade
Paixão
Generosidade
Equidade

Para citar algumas, pois sendo um conjunto de pessoas não daria para pormenorizar, embora todas tenham vários fatores em comum da lista acima. Alguém uma vez ilustrou o fator atenção com um cachorrinho largado a beira da estrada, e um andarilho passa, lhe faz um gracejo e então o cachorro o segue. Pode ser que um gracejo surta algum efeito num primeiro momento, mas é a qualidade a relação que advém que ditará o rumo da história.
Atenção: Silêncio e consideração com que se ouve ou observa.
Para quem não tinha o costume de ser considerada, com total atenção, o primeiro gracejo teve seu efeito, mas o modo como esse tratamento foi prolongado teve muito maior influência em mim do que lisonja nenhuma seria capaz. Não fosse esse comportamento em relação a mim, talvez eu não tivesse criado a oportunidade de poder relatar isto aqui, nem seria escritora/poetisa.
Compromisso: ater-se às suas escolhas
Todos os meus líderes diretos ou indiretos eram extremamente comprometidos com suas obrigações que por sua vez eram consequência de suas escolhas. Ninguém é obrigado a tornar-se líder, mas uma vez que assumem o papel, parece natural que deem cumprimento ao que se propuseram a fazer.  Aqueles dignos de nota neste post não deixaram a desejar, e imprimiram em mim o mesmo vigor diante dos projetos assumidos. Quando temo fazer algo, prefiro me ater um pouco antes, a fazer e não alcançar o nível de excelência daqueles que me ensinaram. Tornou-se uma meta.
Empatia: Identificação intelectual ou afetiva com o próximo; compaixão
A palavra identificação sugere a ideia de que precisamos ter passado por algo semelhante para ter empatia. Não é bem assim, senão os educadores não poderiam nunca ser plenos, dificilmente poderiam se compadecer de todos seus alunos, pois estariam limitados a só ter empatia por aqueles que o levassem a memória de si mesmos...
Mas não é o que ocorre, evidentemente, essa habilidade de se colocar no lugar do outro e buscar os interesses do outro é um comportamento servidor, característico do meu seleto grupo de educadores de quem tive o privilégio de ser discípula (aluna). É importante não confundir compaixão com dó, não existe nada mais detestável do que aqueles que ficam olhando para os necessitados como coitadinhos, e é bom lembrar que todos nós temos algum tipo de necessidade.
Paciência: mostrar autocontrole
Pessoas descontroladas ainda que em cargos de poder ou “autoridade” frequentemente perdem a razão e o respeito dos outros. O ditado “dai-me paciência, pois se me der forças eu mato” é verdadeiro. Ainda que não tenham forças nem vontade de matar no sentido estrito, os impacientes vão matando os outros aos poucos, destruindo sua autoestima com palavras hostis, advertências grosseiras em público, e diversas outras formas.
Meus líderes eram uma verdadeira fonte de paciência, duros quando necessário, grosseiros jamais! Conviver comigo já é um grande exercício de paciência... Pois eu sempre ia compartilhar minhas ideias, meus medos, meus projetos, e o principal que embora as ideias e projetos fossem meus, não eram para mim. Com eles aprendi a servir um pouco; a única coisa que ficou para mim foram meus medos... Mas, com estes aprendi a ter paciência. Tenho fé que um dia me livrarei de todos. (Continua)

     

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