sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Enredo de Livro Que Vira Filme



“Analfabeto é aquele que sabe ler, e não lê”. Mario Quintana





Certo dia eu me vi às voltas com uma metáfora de vida, confesso que não procurei no Google para ver se a ideia era original, ao menos eu nunca tinha ouvido antes.

Percebi que existe uma diferença entre estudar um assunto nas universidades e executar o objeto estudado, tanto quanto ler um livro e assistir um filme com o enredo do livro. Existe um abismo entre ambos os casos, pois, em um dos lados de cada situação falta a interação, criatividade, pró-atividade humana.

As universidades atualmente são os filmes, onde os alunos assistem passivamente as partes do enredo da vida que alguns professores, doutores ou mestres decidiram que deveria ser mostrado. Quase não há espaço para interação, a não ser uns risos, alguns sustos, raiva. O que não chega a ser interação, mas reação.

O trabalho são os livros, onde nós podemos agir em conjunto com o enredo programado, usar nossa imaginação, criatividade, embora o final já tenha sido escrito, ou seja, os resultados a serem obtidos serão aqueles e pronto, podemos escolher como chegaremos neste resultado final, com qual motivação irei até o fim? Abandonarei o objetivo pelo caminho? Desistirei? Vou até as últimas linhas, curiosa, motivada, vivendo os personagens envolvidos, ou seguirei como quem lê uma bula de remédio sem nada entender, considerando só a posologia e preferindo ignorar as reações adversas para não ficar com medo do que elas representam?

Tal como o enredo de um livro que vira filme, quem leu o livro antes, sabe que o filme terá uma eterna dívida com a realidade. Eu diria até com as realidades. Um único livro pode ser lido de diversas formas, cada ser humano vai compor com sua própria história e sua própria percepção dos personagens vividos. O filme é a expressão de uma única percepção, enlatada nos moldes cinematográficos, onde aquele detalhe do livro que mais te emocionou, não cabe. Só a trama central é considerada, mas o livro e a vida não são formados somente pelas tramas centrais.

No trabalho nada vem pronto, talvez o papel A4 do escritório, mas na fábrica de papel eles sabem o quanto suaram para que aquela folhinha branca estivesse ali em cima da mesa. Claro, considerando o filme, muitos suaram nos bastidores também, mas falo aqui do efeito para a grande massa. A produção do filme equivale aos professores que montam a grade curricular utilizando a trama central da realidade organizacional e esquecendo os detalhes.

Stephen R. Covey citou em seu livro Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, que ”quando não há envolvimento não há comprometimento”. Fato. Aqueles leitores assíduos como eu, que gostam de desfrutar o prazer de uma boa leitura, seja técnica, literária, dissertativa, enfim, sabem que quando nos envolvemos com o tema ou enredo do livro, vira um compromisso dedicar um tempo à leitura. No trabalho também é assim, fora o comprometimento automático das massas, de dedicar um tempo ao trabalho por ser seu ganha-pão, há o envolvimento com o trabalho, com o que é desenvolvido, com o destino daquele trabalho, ou da realização pessoal que também pode ser um fruto do trabalho.

Aqui entramos numa outra questão: Fazer o que gosta x Fazer o que precisa ser feito. Quantos de nós pode dizer que trabalha no queria, que escolheu a profissão dos sonhos? Sei também que ninguém pode dizer que não escolheu sua profissão, seja qual for, escolheu sim! Mas há uma diferença entre profissão e profissão dos sonhos, e os motivos que nos levam a escolhê-las. Por não fazerem o que gostariam de estar fazendo, muitos pegam um livro para ler sem o menor comprometimento, e na primeira oportunidade larga num canto, ou lê sem entusiasmo, sem criatividade, entende do livro só o que o cinema pode reproduzir mesmo, geralmente estes preferem o filme que resultou do livro. Economiza tutano.

Não estou dizendo que todos que gostam desse tipo de filme se enquadram na situação acima, existem outros motivos para tal, como por exemplo, conhecer outra das realidades possíveis do enredo. O bom é ver o filme depois de ler o livro mesmo, nem que seja para morrer de raiva... Ou ser surpreendido por um novo ponto de vista. Mas isso é assunto para um próximo post.

Rotina é isso, arrumar um emprego que só serve para pagar suas contas no final do mês e mais nada. Sem um objetivo não há envolvimento, e sem este não há comprometimento. E vão vivendo de atestados médicos, e mais atestados! As doenças reais muitas vezes são sintomas psicossomáticos do corpo que está gritando por uma atitude, e fez o indivíduo parar para pensar, mas a única coisa que eles geralmente pensam é numa forma de abonar o dinheiro que iam deixar de receber no dia em faltaram. É como se tivesse acabado a energia e o sujeito ficou sem TV e computador, celular descarregou, só sobrou um livro para ler, então ele foi dormir...   
  
Por isso tudo, é muito importante colocar em prática logo o que pretendíamos com a universidade, ao nos formarmos devemos urgentemente buscar uma empresa para conhecer de fato o que teoria nenhuma pode conter. Na vida social, infelizmente, na maioria das vezes, temos que assistir ao filme primeiro para ter direito a ler o livro (formação x experiência), mas que seja. Já estou em busca do meu livro, vai valer a pena.