quinta-feira, 26 de junho de 2014

Abril Sombrio



Eita rima safada! Para uma poetisa que sou, admito que não seria muito feliz na escolha se fosse o título de um poema, mas para este post serve. Aquela velha máxima de que pior do que tá não fica para mim é piada de palhaço mal intencionado, pois sempre pode piorar!

Eu já me senti personagem de Matrix, saindo de uma realidade para outra num passe de mágica, e fui descobrindo aos poucos como domar a fera. Já falei neste blog de um fantasma que me assombrou quase a vida toda, a epilepsia. Ela me deu adeus para nunca mais voltar se Deus quiser, mas enquanto caminhava com ela andei pelo vale da sombra da morte, e alguns trechos eu nem sei como atravessei.

Em Abril de 2013 foi o mês onde a malvada me pegou de jeito, ao ponto de me fazer atravessar 16 estações de trem inconsciente! Falando ninguém consegue imaginar, e por não conseguir conceber a ideia acham pouco! Deus e a medicina sabem a exaustão que provoca esse fenômeno que parece o sonho de todo mundo de se teletransportar, só que não é bem assim não, pois pé-ante-pé me levou de um canto ao outro, apenas não me lembro do percurso...

Duas “dade” puxavam o seu gatilho: Ansiedade e Ociosidade. A ociosidade dos doze aos vinte e tantos anos de idade foi o que me tornou escritora. Agora imaginem o efeito das duas coisas juntas? Meu estado peculiar testou a compaixão de muita gente, conhecida e desconhecida. Amigos da escola e faculdade, inimigos também, pessoas que mal falavam comigo, segurança da CPTM, supervisor do trabalho.

Viver a vida toda dependendo da compaixão alheia não é fácil! Não me sinto mais dependente não, mas sempre estamos sujeitos a decisões do “alto” alguma hora, seja da presidenta, da superintendenta, da mãe, do filho da mãe, do juiz, do árbitro... a lista é longa.

E nem toda gente considera quem somos, mas apenas o que fazemos. Enquanto andamos pelo vale da sombra da morte muitos se preocupam com os pastos verdejantes. Entre bancos e solavancos, passei por uma ilha deserta durante aquele mês e uma seta me apontava o caminho da rua, mas eu a ignorei, não era para ser, senão teria sido.

O lado bom é que aprendi que o ser humano é esquisito e maravilhosamente complexo. Isso me inclui, mas é interessante como vi gestos grandiosos de desconhecidos e pessoas de quem eu não esperava nada, e outros tão frios de quem eu esperava tanto! Quem me dissesse que eu não aprendi nada com esse mês e que eu merecia mais meio mês desse eu diria: só lamento.

Mais alguns dias de percurso inconsciente e talvez eu tivesse pedido as contas da vida, ou melhor, teria sido demitida dela. Existem tantos vãos entre trens e plataformas, ruas para serem atravessadas... Bobagem! Para morrer basta estar vivo, não precisa ter epilepsia, esse é o terrorismo que minha mãe usava para me manter ociosa debaixo das suas asas que fazia sombra.

Na universidade aprendi que nas empresas existe algo chamado de descrição de cargo que delineia as competências e habilidades necessárias para tal função. Na prática, é tudo ou nada, agora ou nunca, ra-re-ri-ro- rua. Na prática a teoria é outra. Se o parafuso não se encaixa, martela que ele vira prego! Há exceções. Quase sempre tem uma alma movida por Deus que consegue colocar alguns parafusos em seu devido lugar e faz a engrenagem rodar como deveria; o que gera lucro, e no final das contas vai bancar a beleza do capim dos pastos verdejantes do mesmo jeito!

Meu emprego esteve a beira do abismo, a ansiedade me pegou por eu não saber o que a ociosidade do cargo no qual haviam me colocado poderia resultar. Dentro da empresa eu pedia misericórdia e mostrava serviço, inventava coisas para fazer, escrever e sugerir correções às regras traçadas dos processos talvez, não sei se essa tarefa foi considerada, mas minha intenção foi boa. Outra pessoa poderia ser posta ali também e se minhas sugestões fossem acatadas já melhoraria sua qualidade. Em qualquer lugar e circunstância desse mundo podemos ajudar o próximo.

Fora da empresa eu zumbisava por aí. Houve um dia em que eu quase fui para a Luz... a estação da Luz! Era para descer na Barra Funda – São Paulo. Também orei muito, e Deus ouviu minhas preces, e usou uma pessoa como instrumento para meu auxílio. E o Abril sombrio passou. Não acredito que deva fugir de todas as circunstâncias adversas que eu encontre pela frente, não mesmo. Nunca fugi, aliás. Afinal eu passei pelo Abril antes dele passar.

Todos os envolvidos direta ou indiretamente cresceram com isso, mostraram-se habilidosos no trato com as pessoas, até pouquíssimo tempo eu propagava a boa fama da empresa, esse episódio havia sido superado, minha mãe, sombria ou não, diria “ta” bom demais para ser verdade! Pois é. Mas em retrospecto eles ganharam muito mais com a escolha que fizeram, do que se tentassem me transformar de parafuso em prego.

Foste chamado sendo escravo? Não te dê cuidado; mas se ainda podes tornar-te livre, aproveita a ocasião.  1 Coríntios 7:21




terça-feira, 24 de junho de 2014

Mulherzinha, eu?


Quando eu era adolescente lembro-me de na escola ter protagonizado uma cena patética, não me lembro do contexto completo, mas se não me engano estava num canto da sala com algumas colegas e um garoto me provocou de uma forma que eu não gostei, aí eu resolvi tomar minhas providências e fui correndo atrás para bater nele, até que Catapluft! Caí feito fruta madura no chão! Não satisfeita, levantei-me toda parruda e continuei a perseguição e adivinha? Caí de novo! E a sala toda ficou a gargalhadas, e eu morrendo de vergonha. O tiro saiu pela culatra.

Os homens de até a penúltima geração foram criados por mulheres que se subestimavam, elas próprias dizem mulher no volante, perigo constante. Grande coisa! Se as mulheres realmente não dominam a direção como os homens, o que eu não sei, desconheço qualquer tratado científico que prove essa teoria, em compensação carregamos uma família nas costas com maestria e sorriso no rosto.

Mas os homens se acham por cima do jabá quando tentam se justificar de algo acusando a mulher de ser mulher. Acredito que a grande maioria das mulheres ouviram coisas do tipo: você é mulher, não vai entender esse assunto! Você é mulher e sempre entende o contrário do que foi dito! Resumindo: Mulher não sabe de nada. Inocentes!

Eles esquecem que quem pariu Mateus que o balançou! Adão foi o único homem na face da terra cuja mãe não pode ser ofendida! Falando em Adão, os homens realmente são melhores para controlar certas coisas, mas o mérito não é deles, eles foram dotados física-psiquicamente para isso de acordo com propósitos que não vem ao caso. E as mulheres igualmente foram criadas como vaso mais frágil, mas há um abismo entre fragilidade e incapacidade.

Não sou feminista, amo os homens e sei meu lugar, mas dói meu calo quando subestimam minha inteligência! As crianças aprendem questionando, eles realmente não sabem de nada, e começam a discernir questionando, até os Mateus paridos! Eu não sou diferente, até hoje guardo essa característica positiva das crianças. Não sou infantil, pelo menos quando o assunto é trabalho ou estudo, eu questiono coisas como: Por que tem que ser assim? Por que não adianta tentar? Quem disse que não pode? Tudo tem um por que. Porque sim para mim é slogan de comercial de bebida. Na era das teorias sobre liderança e comunicação interpessoal é inadmissível que alguém tenha uma palavra incontestável.

O chato é que culturalmente falando uns e outros em seus discursos dizem que é melhor a pergunta do que a resposta, mas estão acostumados com o velho método militar de manda quem pode e obedece quem tem juízo, aí vem alguns pentelhos questionar a razão das coisas e impactam a zona de conforto de muitos. Se eu não puder mudar a coisa questionada, ao menos eu conhecendo a causa eu posso saber com o que ou quem eu estou lidando. 


Quando alguém me nega uma resposta satisfatória, ou desvia o assunto com argumentos vãos imagino que ela própria não saiba me responder, talvez nunca tenha se questionado... É compreensível. Então, como eu não sou mais criança ou adolescente, eu apenas questiono, não corro atrás mais de uma vez. Uma queda basta para eu aprender a lição.